quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

PREVINE 2014: OS DESAFIOS DE ENCONTRAR NOVOS CAMINHOS PARA A PREVENÇÃO


Profissionais, lideranças e estudantes lotaram o auditório do Museu Nacional de Brasília-DF


O problema das drogas se resolve com a oferta de alternativas e não com a criminalização dos usuários. A receita veio dos Estados Unidos através do discurso do pesquisador da Universidade de Columbia, Carl Hart, na palestra principal do I Congresso Internacional de Prevenção dos Problemas Relacionados ao Uso de Drogas – Previne 2014. Hart é autor do livro: “Um preço muito alto”, no qual ele relata suas experiências de jovem negro de um gueto de Miami que se tornou um professor de neurociências da Columbia.




Para Hart, a relação entre drogas, pobreza e violência não tem fundamento, já que se retirar a droga da referida equação continuarão a existir a pobreza e a violência. O pesquisador entusiasmou parte do público de formadores de opinião que participou do Previne 2014, realizado de 27 a 28, no auditório do Museu Nacional de Brasília. O evento foi promovido pela SENAD, do Ministério da Justiça, Ministério da Saúde e Universidade Federal de Santa Catarina.


Hart atribui o pânico que existe na sociedade, com relação ao uso de drogas, à inadequação dos métodos de pesquisas utilizando animais. Nas pesquisas que realizou com jovens usuários de drogas os resultados foram diferentes porque ele oferecia outras alternativas mais valorizadas que a droga, ou seja, dinheiro. “Os jovens preferem receber dinheiro a usar drogas”, garante o pesquisador.


Para enfatizar que o uso de drogas não é determinante para que se tenha problemas na sociedade, o pesquisador citou os exemplos dos presidentes dos Estados Unidos: Bill Clinton, W. Bush e Obama, que fizeram uso de drogas na juventude e mesmo assim foram bem sucedidos na vida.


Segundo Hart, nos Estados Unidos, 80% das prisões efetuadas pelo uso de crack são de pessoas negras, o que se caracteriza como um problema de discriminação racial. “Os negros são quatro vezes mais propensos de serem presos do que os brancos”, afirmou o pesquisador.


O pesquisador é um defensor da descriminalização do uso de drogas e de um forte investimento em alternativas para a juventude, a exemplo de emprego, boa alimentação e educação. No entanto, Hart reconhece que existe uma minoria na sociedade que tem problemas com o uso de drogas, que ele considera irrelevante para ter políticas específicas.


Sobre a maconha, o pesquisador afirmou que quatro Estados americanos já liberaram o produto para uso recreacional e 23 para uso medicinal. O mito de que o uso da maconha causa perturbação ou enlouque os usuários foi criado pela publicidade americana, assinalou Hart.


O público que participou atentamente da palestra do cientista americano ficou dividido entre a cruz e a espada: alguns chegaram a alegar experiências de dependência pessoal pelo uso de drogas, enquanto outros concordaram plenamente com a preleção do professor Carl Hart.


PREVENÇÃO


A programação cultural do evento teve início com a palestra sobre o tabagismo realizada pela doutora Vera Lucia da Costa e Silva, chefe do secretariado da convenção-quadros para o controle do tabaco da OMS. Segundo ela, na nossa cultura “ser homem é uma condição sistêmica para o uso de drogas”.



Á direita da foto

Apesar das mudanças culturais sobre o uso do tabaco que há 30 anos era um companheiro indispensável do cafezinho, que faz parte da nossa cultura alimentícia, ainda existe 1,3 bilhão de fumantes no mundo, sendo 80% em países em desenvolvimento. Segundo ela, são seis milhões de morte por ano e 100 mil adolescentes se tornando dependentes do cigarro por dia, principalmente, em países em desenvolvimento.


O evento foi rico em experiências na área da prevenção ao uso de substâncias, sendo que
a maioria dos trabalhos apresentados tinham sido realizados com a utilização das ferramentas do Elos, Tamojunto e Fortalecento Famílias; metodologias que foram introduzidas nas escolas através de projeto da Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, do Ministério da Saúde, no contexto das políticas públicas sobre drogas.




Zila Van Der Meer Sanchez (USP)


O projeto de prevenção da Coordenação de Saúde Mental foi bem dissecado na mesa sobre prevenção nas escolas, com a apresentação de indicadores que buscam validar a metodologia.




 Gregor Burkhart - Observatório Europeu de Drogas


Uma mesa de destaque no evento abordou o tema: Prevenção – da ciência à realidade brasileira, na qual o pesquisador Gregor Bukhart, do Observatório Europeu de Drogas e Toxicodependências, fez uma análise retrospectiva de todas as metodologias conhecidas na área da prevenção, elencando os prós e contras. Ele criticou os métodos racionalistas da prevenção, enfatizando que é mais adequado lidar com as situações concretas que geram capacidade, oportunidade e motivação.


O professor Jessé Souza, autor do livro “A ralé brasileira - quem é e como vive", afirmou que as drogas estão em todas as classes sociais. No entanto, para o pesquisador, o uso desses produtos na classe média não destrói as relações necessárias à reprodução da vida. Já o uso de drogas nas classes proletárias, sem a oferta de outras alternativas, impede o desenvolvimento pessoal.



A partir da esquerda: Roberto Tikanori (MS), Jessé Souza (UFF) e Leon Garcia (SENAD)


O professor ilustrou sua fala com o exemplo de que um indivíduo da classe média que estudou pouco, sempre tem mais probabilidades de evoluir social e economicamente do que uma pessoas pobre que estudou muito.



Fátima Sudbrack - Redes de Prevenção


A professora Fátima Sudbrack, da UnB, trouxe para o público do evento as experiências de vários anos de academia lidando com os métodos de prevenção comunitária. Para ela, a prevenção deve considerar as demandas locais no cruzamento dos saberes coletivos.


A pesquisadora também defendeu a dimensão participativa da prevenção e o enraizamento das intervenções no tecido social, buscando as parcerias múltiplas e o empoderamento das comunidades. Para Sudbrack, é importante mudar os paradigmas da prevenção e das intervenções construindo novas representações no campo da superação dos estigmas e dos preconceitos.



A partir da esquerda: Denis Petuco, Nathália Oliveira, mediador, Sudbrack e o Padre Vilson Groh


O trabalho do padre Vilson Groh, do Projeto em Rede, desenvolvido com jovens em situação de vulnerabilidades sociais em Florianópolis, foi um dos mais aplaudidos do evento. Segundo o padre Vilson, não são os jovens que estão em conflito com a lei, mas a lei está em conflito com os jovens. No seu trabalho, que afasta os jovens das drogas e da criminalidade, ele “não olha o dano, mas o capital social existente na comunidade”.

Muitas outras abordagens desfilaram pelas mesas de debates do evento, demonstrando a criatividade e a competência de acadêmicos e profissionais que atuam na área da prevenção ao uso de drogas, a exemplo do trabalho de Nathália Oliveira, do Centro de Convivência É de Lei; bem como a criatividade de Dênis Petuco, na interpretação das campanhas de prevenção ao uso de drogas em um trabalho de mestrado. O pesquisador revelou, no seu trabalho, que as campanhas de prevenção criam seres intocáveis como os “zumbi” dos filmes de terror para estigmatizar os usuários drogas.



Nara Santos, Daniela Schneider e Ana Cecília


O evento foi uma excelente oportunidade para os profissionais e os formadores de opinião, que atuam na área das políticas sobre drogas, conhecerem as metodologias que estão em desenvolvimento nas diversas regiões do País e, desta forma, poderem aderir aos editais que serão abertas pela SENAD em 2015, com o objetivo de fomentar ações de prevenção ao uso de drogas nas escolas e nas comunidades.



 Crisvalter Medeiros

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

REDE RAISSS FORMA PRIMEIRA TURMA EM TRATAMENTO COMUNITÁRIO DA AMÉRICA LATINA E DO SUL


Primeira turma de formadores em Tratamento Comunitário da Rede RAISSS

O primeiro curso de capacitação para formadores em Tratamento Comunitário da Rede Americana de Intervenção em Situação de Sofrimento Social (RAISSS) foi encerrado nessa sexta-feira (14), no Auditório do Hotel Presidente, em Cerritos, Buenos Aires.

A primeira turma de formadores em Tratamento Comunitário da Rede RAISSS é constituída por 50 pessoas de 10 países da América Latina e América do Sul (Chile, México, Peru, Colômbia Guatemala Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia, Brasil).

As equipes gestoras dos Centros Regionais de Referência da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas de João Pessoa (IFPB), Campina Grande (UEPB) e Brasília (ESCS) participaram da formação, dentro outros profissionais brasileiros oriundos de universidades e movimento sociais.

O grupo que foi capacitado como formadores em Tratamento Comunitário pela Rede RAISSS vai iniciar, a partir de 2015, o processo de disseminação dessa metodologia em seus respectivos países.

O Centro Regional de Referência do IFPB vai formar 150 profissionais em Tratamento Comunitário através de pactuações com os municípios de João Pessoa, Patos e Cuité; o CRR de Campina Grande vai formar mais 150 em Cabedelo e Campina Grande.


O curo de formadores em Tratamento Comunitário da Rede RAISSS foi ministrado pelo professor Efrem Milanese, criador da metodologia que tem sua base científica na Redução de Danos.  

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

IFPB INICIA NEGOCIAÇÃO COM UNIVERSIDADE DA ARGENTINA PARA FIRMAR PROTOCO DE INTERCÂMBIO


A partir da esquerda: Fátima Gondim (ESCS), Aparecida Penso (UCB), Constanza Fautário (UMSA), Gustavo Mausel (UMSA), Roberto Canay (UMSA), Vania e Crisvalter Medeiros (IFPB), Inês Gandolfo (UnB)

PROEXT em articulação internacional para promover intercâmbio cultural. 

A Pró-reitora de Extensão do IFPB, professora Vania Medeiros, está articulando um convênio com a Universidad Del Museo Social Argentino (UMSA) para viabilizar intercâmbio científico e tecnológico entre a referida universidade e a instituição paraibana. 

Na última terça-feira (11), a professora Vania Medeiros manteve reunião com o decano da Faculdade de Ciências Humanas da UMSA, professor Gustavo Mausel, para discutir as bases interinstitucionais para o convênio. Também participaram da reunião, que aconteceu na sede da Universidade em Buenos Aires, Argentina, o professor Roberto Canay (UMSA); Constanza Fautario (Assessora de Convênios da UMSA), além das professoras Maria Inês Gandolfo, do Instituto de Psicologia da UnB; Maria Aparecida Penso, da Universidade Católica de Brasília e Maria de Fátima Gondim, Escola Superior de Ciências da Saúde, de Brasília.

Na reunião o professor Gustavo Mausel confirmou o interesse da instituição que dirige em realizar intercâmbio com instituições de outros países no sentido de contribuir para o aprimoramento da educação no Continente americano. 

A professora Vania, por sua vez, afirmou que os dirigentes do IFPB, principalmente o Reitor da Instituição, também está interessado em ampliar os relacionamentos acadêmicos do instituto em âmbito nacional e internacional. Segundo a professora, o próximo passo para consolidar a iniciativa será acionar a assessoria internacional do IFPB para manter contato com a UMSA, com o objetivo de formalização do convênio. O Reitor do IFPB, professor Cícero Nicácio, autorizou a iniciativa que está sendo conduzida pela PROEXT.

Buenos Aires: Crisvalter Medeiros, jornalista

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

INTEGRANTES DO CRR-IFPB PARTICIPAM DE CONGRESSO SOBRE POLÍTICAS SOCIAIS EM BUENOS AIRES-AR

 

A partir da esquerda: Crisvalter Medeiros, Vania Medeiros, Inês Gandolfo, Aparecida Penso, Carla Dalbosco, Fátima Gondim e Luca Santoro.


A Pró-Reitora de Extensão do IFPB, professora Vania Medeiros, o coordenador do Centro Regional de Referência (CRR-IFPB), jornalista Crisvalter Medeiros, além de alguns docentes que atuam no referido Centro, participaram do 1º Congresso Internacional sobre Proteção Social e Políticas Sociais da Universidad del Museo Social (UMSA) da Argentina. O evento aconteceu nessa segunda e terça-feira (10/11), no Auditório Dr. Gabarini Islas da UMSA, na Av. Corrientes, Buenos Aires-AR.

Na palestra de abertura do evento, a ministra de Desenvolvimento Social da Cidade de Buenos Aires, Carolina Stanley, disse que o congresso era uma oportunidade para se conhecer várias políticas públicas na área de proteção social de países da América Latina. A ministra destacou a importância de se conhecer melhor as experiências de outros países na área das políticas sociais para que se possa trabalhar a integração comunitária de forma mais eficiente. Ela deu ênfase ao enfrentamento da pobreza que “é o resultado de muitos ciclos históricos e que envolve as famílias e toda a sociedade”.

 

Ministra de Desenvolvimento Social da Cidade de Buenos Aires, Carolina Stanley (esquerda), e Raquel Barros, da Lua Nova (Brasil)

Foi marcante a presença da Rede RAISSS (Rede Americana de Intervenção em Situações de Sofrimento Social) no evento. A representante da RAISSS no Brasil, psicóloga Raquel Barros, criticou as políticas públicas brasileiras que, segundo ela, “são feitas para os que estão bem”. Barros é a diretora da Ong Lua Nova, com base em Sorocaba-SP. A Ong tem uma das ações mais bem sucedidas de inclusão social de mães solteiras e usuárias de drogas da América Latina.

O evento foi um grande painel dos problemas sociais enfrentados, atualmente, nos diversos países da América Latina, e as propostas de intervenção através dos métodos de inclusão social e do Tratamento Comunitário.
 

José Luiz Zárate Zárraga (Centro de Escuta Comunitário - El Alto, na Bolívia)

Para José Luiz Zárate, responsável pelo projeto Centro de Escuta Comunitária, na Bolívia, os problemas sociais devem ser entendidos pelo viés da complexidade, envolvendo problemas biológicos, históricos, sociais etc. Ele entende comunidade como um sistema de redes que constroem e animam um território, “sendo o local ideal para as intervenções sociais”, assinalou.
 
Guilhermo Perez (Cátedra UNESCO)

O representante da UNESCO, Guilhermo Perez Sosto, fez uma abordagem sobre a questão social e os jovens da América Latina. Segundo ele, o Continente está encontrando muita dificuldade em reproduzir sua força de trabalho em decorrência dos problemas de saúde e de uso de substâncias que afetam a juventude latino-americana. O pesquisador afirmou que existe uma crise de desinstitucionalização, dessocialização e despolitização nesse segmento social. “Observa-se, entre os jovens, uma crise de participação, descrença nas organizações e na eficácia das ações coletivas”, alertou.
 
Efrem Milanese (esquerda), Roberto Canay, professor da UMSA

O consultor internacional em desenvolvimento e tratamento comunitário, Efrem Milanese, da Itália, fez uma explanação sobre o desenvolvimento do tratamento comunitário: um método de intervenção social que vem sendo construído coletivamente em diversos países da América Latina. Segundo o pesquisador, é preciso mudar o enfoque da droga para o da exclusão social, do tratamento para a ação social, articulando a ótica da saúde pública e a integração social. A mesa foi coordenada por Roberto Canay, gerente operativo do observatório de políticas sociais de Buenos Aires)

No segundo dia do evento (11), os participantes puderam se inteirar dos problemas da violência e uso de substâncias que afetam os jovens mexicanos. A palestra foi realizada pelo representante da Rede Nacional Juvenil de Prevenção da Violência e Promoção Social da Cidade do México, Miguel Hernandez. No mesmo painel, o coordenador da pastoral carcerária de Lima, Peru, Antônio Vargas Tenorio, mostrou o problema da violência no presídio de Lima no período entre 1987 a 1992.

Segundo Vargas, nesse período, as autoridades abandonaram o presídio em Lima gerando uma situação de caos. Esta foi a oportunidade, segundo ele, para se adotar o método de organização comunitária que utilizou a mesma energia que estimulava a violência para a superação dos problemas de convivência comunitária.

Em um painel sobre políticas sociais, o representante da CEPAL, Simone Ceccini, lembrou as iniciativas do governo brasileiro no âmbito da seguridade social e das políticas de proteção, a exemplo do programa bolsa família.

Um tema abordado de forma recorrente nos diversos painéis do evento foi a importância do fortalecimento das políticas sociais e da proteção social para o enfrentamento das crises econômicas que são cíclicas no Continente. No encerramento do evento, a ministra Caroline Stanley enfatizou a importância dos esforços para minimizar o sofrimento social dos segmentos sociais mais afetados pela pobreza e que não são alcançados pelas intervenções da economia formal. Segundo ela, “neste momento é preciso compartilhar a força do Estado com as iniciativas da sociedade civil para combate à pobreza”. 

 Participantes do evento

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

CRR-IFPB vai ministrar o primeiro curso de tratamento comunitário na Paraíba

Crisvalter Medeiros com formadores do CRR

A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) aprovou a 3ª edição do projeto do Centro Regional de Referência para a Formação de Profissionais (CRR-IFPB). O referido centro de formação integra a política pública do plano “Crack, é possível vencer”, no âmbito da capacitação. O projeto, que será executado no biênio 2015/2016, está orçando em R$ 394.700.

O projeto da 3ª edição do CRR-IFPB foi submetido à concorrência da chamada pública 08/2014, da SENAD/MJ, cujo resultado foi publicado no Diário Oficial da União, desta sexta-feira (31), através da Portaria nº 78, de 30.10.2014. Foram aprovados 51 projetos de Centros Regionais de Referência em várias regiões do País.
Para o próximo biênio, o CRR-IFPB realizará um curso de Tratamento Comunitário para três turmas de 50 formandos cada, alcançando um público alvo de 150 pessoas. As turmas serão baseadas em três microrregiões do Estado da Paraíba: Litoral, João Pessoa; Sertão, Patos, e Curimataú, Cuité.

O projeto será desenvolvido pelo Núcleo de Estudos Trandisciplinares em Dependência Química (NETDEQ) da Pró-Reitoria de Extensão do IFPB, sob a coordenação do jornalista Crisvalter Medeiros, tendo como coordenadora adjunta a professora inativa do Departamento de Serviço Social da UFPB, Nilza Ramalho. Os cursos serão direcionados aos profissionais da rede de atenção aos usuários de crack e outras drogas (SUS, SUAS, Justiça, Educação) que atuem no âmbito do Programa Crack é Possível Vencer; bem como aos agentes sociais em suas próprias comunidades.

A 3ª edição do CRR-IFPB intitulada de “Implementação de processos formativos para profissionais da rede de atenção aos usuários de drogas com base na metodologia do Tratamento Comunitário: articulação de rede e participação social” faz parte de um consórcio que integra cinco Centros de Referência do País: CRR-IFPB, CRR da Universidade Federal do Piauí, CRR da Escola Superior de Ciências da Saúde, DF; CRR Universidade do Estado da Paraíba e CRR Universidade do Estado de São Paulo-UNIFESP.

Segundo o coordenador do CRR, jornalista Crisvalter Medeiros, o projeto tem o objetivo de promover a aprendizagem em modelos de trabalho que promovam a melhoria das condições de vida das pessoas, dos grupos e das comunidades em situação de alta vulnerabilidade associadas ao uso de drogas e exclusão grave. “Esse objetivo será alcançado através da realização de um curso integrado envolvendo os cinco Centros Regionais de Referência”, explicou.


No caso específico da Paraíba, será dada continuidade à metodologia iniciada na edição anterior do biênio 2013/2014, considerando-se a formação dos grupos de estudos já estabelecidos. A formação nos cinco Centros de Referência contará com a participação de especialistas internacionais, que formarão parcerias com as equipes locais. As esquipes de formadores dos cinco centros receberão supervisão do professor italiano Efrem Milanese, criador do método do tratamento comunitário.

O I CONGRESSO INTERNACIONAL DE PREVENÇÃO DOS PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO DE DROGAS (PREVINE 2014)

Palestrantes do evento:
Ana Cecília Marques, Dênis Petuco, Fátima Sudbrack, Léa Lúcia Cecílio Braga, Carl Hart, Daniela Schneider, Gregor Burkhart, Jessé Souza




O evento reunirá em Brasília-DF, nos dias 27 e 28 de novembro de 2014, gestores públicos, acadêmicos e sociedade civil. O congresso é organizado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Ministério da Justiça), pela Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas (Ministério da Saúde) e pela Universidade Federal de Santa Catarina, com apoio do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes (UNODC).


Em uma perspectiva de Saúde Pública, prevenir o uso problemático de drogas legais e ilegais requer identificar e atuar sobre os fatores que tornam alguns grupos sociais mais vulneráveis. Gênero, idade e classe social são exemplos da diversidade dessas vulnerabilidades e da necessidade de ampliar a compreensão de suas dinâmicas para atuar através das políticas públicas.

O Congresso pretende compartilhar conhecimento e experiências práticas que vão da importância de políticas sociais universais a intervenções seletivas para famílias, escolas e comunidades em situação de risco, da regulação das drogas legais ao combate do estigma nas campanhas de informação, entre outros temas. Para ancorar o campo da prevenção na busca do conhecimento, o congresso irá debater como a ciência social e as ciências da saúde brasileiras podem responder ao desafio de pensar a prevenção no nosso contexto social e cultural.


Acreditamos que esse congresso possa impulsionar pesquisas, debates e políticas públicas que, fortalecendo a cidadania e os laços sociais, protejam os jovens do uso prejudicial das drogas.

QUINTA - 27 DE NOVEMBRO
·         27 DE NOVEMBRO / QUINTA
·         Manhã – 08h30-12h30
·         Abertura
José Eduardo Cardozo (Ministro da Justiça)
Arthur Chioro (Ministro da Saúde)
Paulo Paim (Ministro da Educação)
Vitore Maximiano (Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas – MJ)
Rafael Franzini (Representante do Escritório de Ligação e Parceria das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes no Brasil)
Roselane Neckel (Reitora da Universidade Federal de Santa Catarina)
Nina Gomes (Subchefe adjunta de Articulação e Monitoramento da Casa Civil da Presidência da República)
·         Conferência de Abertura: A experiência da prevenção do tabagismo
Vera Luiza Costa e Silva (Chefe do Secretariado da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da Organização Mundial da Saúde)
·         Mesa – Pobreza, desigualdade e o uso prejudicial de drogas
Jessé Souza (Universidade Federal Fluminense – UFF): A gênese social do uso do crack
Roberto Tykanori (Coordenador Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas – MS): 
Prevenção e equidade
Mediador: Leon Garcia (Diretor de Articulação e Coordenação de Política sobre Drogas – SENAD)
·         Almoço
·         Tarde - 14h00-18h00
·         Mesa – Prevenção: da ciência à realidade brasileira
Gregor Burkhart (Observatório Europeu de Droga e Taxicodependência): Efetividade das estratégias de prevenção
Daniela Ribeiro Scnheider (Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC): 
A influência do contexto social e cultural na prevenção
Ana Cecília Petta Roselli Marques (Universidade Federal de São Paulo e Associação Brasileira de Estudo do Álcool e outras Drogas): 
Uma experiência de prevenção ambiental em um município de São Paulo
Mediador: Nara Santos Pimentel (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime)
·         Mesa – Prevenção na comunidade
Redes de prevenção na comunidade a partir da escola
Nathalia Oliveira da Silva (Centro de Convivência É de Lei): Prevenção e juventude: Projeto VivaJovem
Padre Vilson Groh (Instituto Pe. Vilson Groh/Ponto de Cultura:
Prevenção na comunidade: Cultura e Cidadania
Dênis Petuco (Redutor de Danos): 
Campanhas de prevenção e a produção de estigma
Mediador: Ângela Guimarães (Presidente do Conselho Nacional da Juventude)
·         Lançamento da Sociedade Brasileira para pesquisa em prevenção
  • 28 NOVEMBRO / SEXTA
  • Manhã – 08h30-12h30
  • Mesa – Prevenção com as famílias e adolescentes
Léa Lucia Cecílio Braga (Diretora do Departamento de Proteção Social Básica – Secretaria Nacional de Assistência Social – Ministério do Desenvolvimento Social): Política do Sistema Único de Assistência Social para as famílias
Sheila Murta (Universidade de Brasília – UNB): 
Programa Fortalecendo Famílias – Avaliação e adaptação à realidade brasileira
Representante da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do Distrito Federal: 
Uma experiência de implantação dos programas “Família e Escola Juntas” e “Famílias Fortes” no Distrito Federal.
Mediador: Egon Schluter (Secretário da Confederação Nacional de Comunidades Terapêuticas e Conselheiros do CONAD)
  • Mesa – Prevenção nas escolas
Política de educação e prevenção do uso de drogas
Raquel Turci Pedroso (Saúde Mental, Álcool e outras Drogas – MS): 
Programas de prevenção do uso de drogas nas escolas
Zila Van Der Meer Sanchez (Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP):
 Avaliação de uma experiência de implantação de um programa de prevenção
Experiência da implantação de um programa de prevenção na rede pública de educação.
Mediador: Andréa Leite (Coordenadora Geral de Políticas de Prevenção, Tratamento e Reinserção Social – SENAD)
  • Almoço
  • Tarde - 14h00-18h00
  • Mesa – Pesquisa e política pública sobre drogas em um país desigual
Carl Hart (Universidade de Columbia – EUA): A agenda de pesquisa sobre drogas: escolhas e oportunidades
Mediador: Luiz Guilherme Mendes de Paiva (Diretor de Projetos Estratégicos e Assuntos Internacionais – SENAD)
  • Premiação do 13º Concurso Nacional de Monografia sobre Prevenção do uso de Drogas
  • Encerramento
Rose Cerny (Universidade Federal de Santa Catarina)
Ministério da Saúde
Vitore Maximiano (Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas – MJ)

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

SENAD abre inscrições para Mestrado Profissional em álcool e outras drogas

A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) abriu inscrições para formação da segunda turma do Mestrado Profissional em Prevenção e Assistência a Usuários de Álcool e outras Drogas. O referido mestrado será ministrado em parceria com o Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA/UFRGS). As inscrições encerram-se no dia 17 do próximo mês.

A previsão do início das aulas, segundo informações da SENAD, é março do próximo ano e estão sendo oferecidas onze vagas nesta edição do curso.

 Hospital das Clínicas da UFRGS


Conforme informações da SENAD, os critérios estipulados para avaliação dos candidatos que serão selecionas são: apresentar o currículo lattes atualizado, se comprometer a realizar exame de proficiência em inglês, comprovada mediante documento, até o período de finalização do curso; carta de apresentação formal da instituição de origem do candidato, além do compromisso de que, após a formação, implementará ações de saúde/pesquisa compatíveis com as premissas da SENAD em sua instituição de origem. Um dos requisitos essenciais é que o candidato tenha vínculo com serviço público de saúde, assistência social ou de políticas públicas sobre drogas que lhe permita manter a remuneração nos períodos em que permanecer em Porto Alegre, cursando o Mestrado.

As atividades do Mestrado ocorrerão ao longo de três semestres, durante os quais serão ministrados nove módulos presenciais de aproximadamente uma semana cada. Nos referidos módulos, os alunos deverão ter a disponibilidade de permanecer em Porto Alegre-RS, para acompanhar “in loco” as disciplinas e as atividades da Unidade Álvaro Alvim.


O corpo docente, do referido curso, será composto de uma equipe multidisciplinar de professores e convidados externos, sob a coordenação do professor Flávio Pechansky. Endereço para consultar o edital: www.hcpa.ufrgs.br / mais informação pelo e-mail: l-mp-adicao@hcpa.ufrgs.br

terça-feira, 30 de setembro de 2014

EQUIPE DO CRR-IFPB PARTICIPA DE EVENTO COM ATIVISTAS DE PAÍSES LATINO AMERICANOS



A Fazenda da Esperança, comunidade terapêutica da Igreja Católica, em Guaratinguetá, São Paulo, sediou um importante evento sobre os problema sociais da América Latina e do Sul, no período de 22 a 25, deste mês. O evento foi promovido pela Rede Americana de Intervenção em Situação de Sofrimento Social (Raisss), que congrega Organizações Não-governamentais de 10 países americanos.

No referido evento, ativistas das políticas públicas e empreendedorismo social de vários países latino americanos apresentaram trabalhos enfocando projetos sobre situações de vulnerabilidades sociais.

Ativistas mexicanos fizeram exposição sobre os métodos de intervenção social com moradores de Rua, do Centro Histórico da Cidade do México. Os ativistas do Peru abordaram o problema da violação dos Direitos Humanos em prisões daquele País. O Chile expôs o impacto do enfrentamento do narcotráfico nas comunidades no entorno de Santiago, Capital daquele país. O Uruguai apresentou a situação do uso de drogas por moradores de Rua, em um abrigo social.

A representante da Ong, Lua Nova, em Sorocaba (SP), expôs a mobilização comunitária para fortalecimento dos vínculos das redes sociais. Da Paraíba, a equipe do Centro de Referência Regional, do IFPB (CRR-IFPB), apresentou trabalhos desenvolvidos em comunidades do interior do Estado com o objetivo de articular a intersetorialidade na atenção aos usuários de drogas.

A Pró-Reitora de Extensão do IFPB, professora Vania Medeiros, que coordena o CRR-IFPB, realizou contatos com os representantes de entidades internacionais com o objetivo de estabelecer parcerias para implementar as ações do CRR, em 2015.

A professora Vania Medeiros informou que, no referido evento, foi estabelecido o diálogo com o professor Roberto Canay, da UMSA- Universidad del Museo Social Argentino, com o objetivo de firmar um convênio de cooperação técnica e científica que viabilizará o intercâmbio entre docentes e discentes do IFPB e da UMSA.


Os participantes do evento também tiveram a oportunidade de conhecer a metodologia da mais antiga comunidade terapêutica do Brasil, na modalidade Religiosa, a Fazenda da Esperança, localizada no município de Guaratinguetá. A referida comunidade tem cerca de 37 anos de funcionamento; e, atualmente, abriga 120 jovens e adultos em situação de recuperação do uso de substâncias psicoativas.


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O professor Nelson Perez, do Minnesota Recovery Connection, fala sobre organização de comunidades recovery





O professor Nelson Perez, do quadro dirigente da Minnesota Recovery Connection, uma comunidade “recovery” dos Estados Unidos,  e professor da Minneapolis Community & Technical College (MCTC), quando esteve em João Pessoa para ministrar a primeira oficina de “Recovery”, na Paraíba, nos dias 06/07 de agosto, conceu deu a seguinte entrevista:


P. Professor Nelson, o que é uma Organização Comunitária Recovery?


R. Uma organização Comunitária de Recovery (OCR) é uma organizacao não governamental independente, liderada por representantes da communidade de recuperação local. Estas organizações deselvolvem atividades de advocacy de políticas focadas em recovery, realizam programas de educação comunitária e de extensão com foco em recovery, e / ou fornecem serviços de suporte de recovery baseado em pares (P-BRSS). A comunidade recovery inclui as pessoas em situação recovery a longo prazo, suas famílias, amigos, aliados e profissionais, além de incluir entidades que adotam caminhos que refleltem estratégias recovery  religiosas, espirituais e seculares para o problema do uso de substâncias. A única missão de uma OCR é mobilizar recursos dentro e fora da própria comunidade recovery para aumentar a prevalência e a qualidade das maneiras de se recuperar do uso de álcool e outras drogas a longo prazo. A educação pública, defesa de políticas e serviços de apoio de recuperação baseado em pares são as estratégias através das quais esta missão é alcançada.



P. Quantas organizações comunitárias de recuperação existem nos Estados Unidos?



R. Há uma série de organizações nacionais, algumas com filiais estaduais e municipais, cujo foco principal é sobre as necessidades dos indivíduos, famílias e comunidades que procuram ajuda para se iniciar em recoverya ou, de alguma forma, já estão se recuparando de álcool e outras drogas. O Conselho Nacional de Alcoolismo e Dependência de Drogas (NCADD), fundada há 60 anos, pode ser descrito como a primeira organização comunitária recovery moderna dos Estados Unidos. Hoje, muitos de seus afiliados têm gerado ou operarado como organizações comunitárias Recovery. Houve um crescimento recente em novas organizações de apioio com base em advocacy e recovery, associadas a nível nacional através das atividades da ONG Caras e Vozes Recovery (Faces & Voices of Recovery). Algumas dessas organizações operam em nível estadual ou como afiliadas locais e / ou de uma cidade, como FAVOR-SC, com quatro filiais locais; Pessoas Defendendo Recovery (KY), com seis unidades; e Alabama Voices para recovery, com três unidades. Além disso, um subconjunto de OCRs surgiu a partir de iniciativas com foco em recovery, a exemplo de Aliança Nacional dos Advocates da metadona (www.methadone.org), dos advocates para recovery através da medicina (ARM) (www.methadonetoday.org / armhelp.htm); a Aliança Nacional dos Advocates para Tratamento de Buprenorfina (NAABT) (www.naabt.org) e do Centro de Recurso para a Dependência de Opióides http://www.methadone.net. Todas essas organizações fornecem apoio para aqueles em situação recovery, com assistência de medicação. Outras organizações nacionais, algumas com filiais estaduais e municipais, estão focados em apoiar recovery de determinados grupos étnicos. Um exemplo é o “Bison” Branco (http://www.whitebison.org/ ), cuja missão é focada na defesa e apoio de recovery para comunidades indígenas. Ao todo, existem mais de 175 organizações recovery, atualmente, nos E.U.A.



P. Como essas organizações comunitárias de recovery são formadas?



R. Organizações comunitárias de recovery são geralmente geradas por pessoas em recuperação pessoal e / ou familiar, em resposta a necessidades não satisfeitas das comunidades locais. Eles atuam frequentemente como advocacy de forma voluntária e organizações de serviço por algum tempo antes que eles tenham financiamento para apoiar suas atividades de uma forma mais efetiva. A ONG Caras e Vozes para Recovery fornece o tecido de ligação entre esses grupos a nível nacional. Um diretório destas organizações está postado no website de caras e vozes para recovery (www.facesandvoicesofrecovery.org). Se não houver um RCO em sua comunidade, considere isso como uma oportunidade de início. Documentos que descrevem a história de advocacy de  apoio de pares como recursos para iniciar uma RCO também estão postados no site de caras e e vozes para recovery.



P. Quais são os elementos centrais de uma Organização de Comunidade Recovery?



R. Em nosso trabalho com RCOs, em todo o país, acreditamos que há três características que distinguem RCOs de outras organizações preocupadas com outros problemas relacionados com droga e álcool:



1 – Visão sobre recovery: A RCO, seus líderes e seus membros, têm um único objetivo que é aumentar a quantidade e a qualidade do apoio disponível para as pessoas que procuram e experimentam a recuperação a longo prazo para o uso de álcool e outras drogas.


2 – Voz autêntica: Isto significa que uma RCO representa uma ou mais comunidades de recuperação. Há alguns que aspiram a representar a maior diversidade possível das comunidades (por exemplo, caras e vozes, CCAR, PRO-ACT), mas essa maioria representa apenas uma parte do total. Autenticidade vem da conexão a uma ou mais comunidades de Recovery e não a representação de todas essas comunidades. As organizações não devem ser excluídas da definição RCO se eles representam um reduto específico. Uma RCO alcança autenticidade representando diversas comunidades Recovery (ou diversas vozes recovery dentro de uma construção específica) e assegurando que os seus líderes representem, fielmente, as vozes dessas comunidades. Uma  RCO é liderada  pelo seu conselho de diretores, gerentes, funcionários, voluntários e membros e pela maioria de pessoas que representam as comunidades locais de recuperação. O quadro de servidores de uma RCO é escolhido pela ​​auto-identificação como pessoas em Recovery a longo prazo, familiares, amigos e aliados que oferecem a si mesmos e suas histórias pessoais como prova do poder transformador de recovery. Organizações saudáveis ​​se esforçam para incluir as pessoas que representam diferentes estilos e formas de recovery, bem como a diversidade de idade, sexo, etnia, orientação sexual e filiação política e religiosa. As vozes de indivíduos e familiares afetados por álcool e outras drogas são destaque em todos os níveis da organização. RCOs competentes dão oportunidades para que as vozes das pessoas que experimentaram todas as formas de recovery sejam ouvidas e levadas a sério nos serviços de educação pública da organização, advocacy e apoio de recovery; em resposta aos mais amplos aspectros de necessidades de recovery da comunidade.


3. Independência: Acreditamos que uma RCO é mais credível e eficaz como uma entidade autônoma. As principais RCOs estão abertas a vários níveis de colaboração com uma grande variedade de outras organizações, mas não podem estar sob o controle de uma organização que pode ter interesses conflitantes. Por exemplo, RCOs podem trabalhar em estreita colaboração com as instituições prestadoras de serviços na ára de tratamento da toxicodependência, mas devem se manter independentes. A força real de uma RCO é desenhada não pelas suas ligações com outras organizações de serviço, mas a partir da voz autêntica dos indivíduos na comunidade recovery que se relacionam com ela e apoiam-na. Uma RCO serve como uma ponte entre diversas comunidades recovery: a comunidade de tratamento da toxicodependência, as agências governamentais, o sistema de justiça criminal, a grande rede de prestadores de serviços e sistemas de saúde, bem como da assistência social e direitos humanos. Uma RCO deve estar relacinada com os serviços de reinserção social de forma ampla, a exemplo de entidades que apoiam projetos de habitação, educação, emprego, renda e lazer. Uma RCO pode efetivamente recrutar membros das comunidades locais de recuperação para advocacy em favor das necessidades de quem procura recuperação, bem como superar as dificuldades para quem procura serviços recovery pagos. A RCO contrata prestadores de serviços na área de tratamento clínico, oferecendo aos clientes uma forma viável de apoio em recuperação antes, durante e após o tratamento e, em alguns casos, como uma alternativa para o tratamento convencional.



P. Quais são as principais estratégias de RCOs?



R. Segundo White & Taylor (2006), há 8 estratégias centrais de RCOs:

• Construir, organizar o desenvolimento de líderes na comunidade, oferecer oportunidades para pessoa em situação de recovery expressarem suas vozes na coletividade e proporcionar um fórum para os serviços da comunidade.

• Advocacy de representação significativa e dar voz para as pessoas em recovery a longo prazo e seus familiares sobre questões que afetam suas vidas.

• Avaliar as necessidades relacionadas com a adequação e qualidade dos serviços de tratamento e apoio em recovery na comunidade.

• Educar o público, os políticos e prestadores de serviços sobre a prevalência das múltiplas vias de recovery para pessoa com problemas de uso de álcool e outras drogas.

• O desenvolvimento de recursos humanos e físicos para expandir o apoio filantrópico e público para tratamento da dependência, serviços de apoio para a recuperação e advocacy da recuperação, bem como o estímulo às ações voluntárias nas comunidades locais de recuperação.

• Advocacy de mudanças políticas em nível local, estadual e federal que promovam a recuperação e eliminem os obstáculos para a recuperação.

• Celebrar recuperação da dependência através de eventos públicos que oferecem testemunho vivo do poder transformador da recuperação.

• Apoiar as ações científicas que contribuem para a evolução das estratégias eficazes e os processos de recuperação a longo prazo.


P. Quais os pontos mais importantes dessas iniciativas?



R. Os pontos mais central dessas atividades são:



1 -A educação pública, advocacy de políticas e serviços de apoio de recovery com base em pares.


2 - Educação Pública e Política de Advocacy: Advocacy pode assumir muitas formas, mas a maioria das RCOs atua na educação do público, procurando "dar um rosto positivo e voz autêntica à recuperação", usando uma vanguarda de indivíduos e famílias dispostas a oferecerem suas histórias de vida como testemunho de que recovery a longo prazo é uma realidade. O foco da educação pública e na divulgação está em comunicar a realidade de recovery para a dependência química de longo prazo e os muitos caminhos e estilos de recovery para a cultura como um todo, para a política, a mídia e as comunidades locais. Esta educação se destina a substituir o pessimismo com a esperança e poder de cura de recovery e combater o estigma associado à dependência. Recovery oferece à sociedade em geral uma solução altamente visível para os graves problemas associados ao álcool e outras drogas. Provavelmente, a mais conhecida dessas atividades é a observância do mês de setembro, como a data nacional de recovery para a toxicodependência de álcool e outras drogas.


3 – Advocacy de políticas públicas que tem como objetivo a promoção de políticas que ampliam as portas de recovery e garante recursos para melhorar a qualidade da recuperação a longo prazo, acabando com as políticas discriminatórias. Como exemplo, podemos citar o trabalho de  Faces & Voices que luta pela manutenção do financiamento para o programa do governo federal para Serviços de Recovery da Comunidade (RCSP) e restauração dos direitos dos estudantes com condenações por uso de drogas, com financiamento do governo federal;
bem como muitas outras entidades que defendem o seguro médico para tratamento da dependência; a RI Cares, que ajudou a derrubar a proibição do direito de voto para os criminosos; Comunidade Connecticut para Recovery de Dependentes (CCAR), que influenciou o processo de perdão do Estado; Coalizão de Dependentes de Delaware, que ajudou a remover os obstáculos à reinserção no trabalho para as pessoas com condenações criminais; e Amigos de Recovery VT , que garantiu financiamento estatal para nove Centros Comunitários de Recovery.
 

4 - Serviços de Suporte para Recovery (no mesmo nível de recovery com apoio de páres). Esta é uma das tendências recentes mais significativas no campo da intervenção de dependência envolvendo as políticas de saúde mental, saúde pública, e os campos de bem-estar infantil. Estes serviços de apoio de recovery com base nos pares são distintos dos serviços clínicos profissionais que são administrados por organizações de tratamento da toxicodependência ou de outras instituições de assistência. Os serviços de suporte para recovery baseados em pares cobrem uma ampla gama de atividades; sendo, geralmente, oferecido por entidas não oficiais de tratamento. Tais serviços incluem a apoio dos pares, treinamento de recovery, habitação, transporte, formação profissional, serviços de emprego, suporte por telefone, grupos de apoio, sistema de consulta à internet para disseminação de recursos para recovery, treinamento de habilidades para a vida e atividades sociais de maneira sóbria. Uma tendência recente, neste campo, é a prestação destes serviços através de centros comunitários de recovery. Um modelo para um Centro de Comunidade Recovery pode ser encontrado no site da CCAR no http://ccar.us/recoverycntrs.htm



P. Como as organizações comunitárias de recovery diferem de serviços de tratamento da toxicodependência e das sociedades de ajuda mútua para a recuperação?



R. As RCOs assumem muitas formas, mas como um todo diferem significativamente das organizações de tratamento da toxicodependência e dos grupos de ajuda mútua. Como observado anteriormente, RCOs são independentes, o que significa que elas geralmente não fazem parte de organizações envolvidas em atividades para além da educação pública e da política de advocacy com foco em recovey e dos serviços de suporte de recovery baseado em pares. Elas são lideradas por indivíduos representativos da comunidade recovery. Elas estão comprometidaa com as mudanças sociais relacionadas a recovery (por exemplo, a educação da comunidade com foco em recovery, advocacy de políticas públicas a favor de recovery), bem como investimento em recursos consideráveis ​​na organização de recovery dentro de suas comunidades locais. As RCOs não são programas de recuperação pessoal nem promovem um caminho específico para a recuperação (por exemplo, os voluntários RCO não agem como patrocinadores dos Doze Passos em seu papel voluntário). As RCOs celebram as múltiplas vias de recursos de recuperação e oferecem ajuda as pessoas para acessarem esses recursos. As RCOs que oferecem serviços aos indivíduos e suas famílias, tendem a ter o foco em  serviços de  apoio não-clínicos baseados em pares. RCOs preenchem a lacuna entre um episódio de tratamento clínico e recuperação a longo prazo através do fornecimento de apoio de pares. A RCO não oferece avaliação profissional nem faz  aconselhamento da dependência, ou serviços clínicos relacionados. Outras características distintivas das RCOs são seu esforço conscientes para alcançar a diversidade cultural, sua ênfase em desenvolvimento de liderança dentro da comunidade recovery (por exemplo, advocacy para a construção de habilidades para assumir a responsabilidade pessoal pela própria cidadania). As RCOs enfatizam o potencial das pessoas em recuperação, em vez de seus problemas históricos e patologicos. Elas também promovem o desenvolvimento de valores de recovery nos núcleos locais e dão diretrizes éticas que devem reger o processo de tomada de decisão organizacional e voluntária em atividades de advocacy e e apoio de pares.



P. Como são financiadas as RCOs?



P. As RCOs recebem fundos de uma grande variedade de fontes. Elas podem receber financiamento federal através do Centro deTratamento de Abuso de Substâncias RCSP; bem como de outros programas federais, tais como o apoio financeiro para reinserção de ex-encarcerados. Em alguns estados, com um sistema mais orientado para cuidados de recovery (por exemplo, CT, VT, AZ, OR), as RCOs recebem subvenções ou podem cobrar alguma taxa pela prestação de serviços.  Centenas de empresas e unidades locais do governo têm prestado apoio a eventos de RCO. As fundações privadas também têm fornecido apoio financeiro para determinadas atividades de RCO, como patrocínio de eventos especiais. Também recebem apoio financeiro dos eventos para acesso à recovery, a exemplo do mês de recovery. O Christopher D. Smithers Foundation financiou a impressão e distribuição na América do Norte de um livro com a histório de recovery entre as tribos nativas americanas. A Fundação Robert Wood Johnson apoia Caras e Vozes da Recuperação desde a sua fundação em 2001. CCAR recebe financiamento anual do Departamento de Saúde Mental de Connecticut e Serviços Toxicodependência (DMHAS). Algumas RCOs são auto-financiadas principalmente através de doações das pessoas em recuperação e de seu círculo de amigos e associados. Muitas RCOs se sustentam financeira a longo prazo em termos de apoio de membros de suas comunidades locais de recuperação.



P. Existem regulamentos ou normas éticas que regem as organizações comunitárias de recuperação?



R. A maioria das RCOs ter um conjunto de valores fundamentais ou um código de ética que orienta a tomada de decisão individual e organizacional. Algumas RCOs, como a Organização Recovery da Pensilvânia e PRO-ACT desenvolveem diretrizes éticas específicas para a prestação de serviços de apoio de pares. Além dessas diretrizes orientadas para a organização das RCOs, alguns estados estão desenvolvendo normas de credenciamento para especialistas de suporte para recovery e um código de conduta ética para as RCOs.



P. Já houve alguma avaliação formal da RCOs?



P. A maioria dos beneficiados pela RCSP e programas de pares e outra entidades de apoio a recovery que são financiadas pelo Estado passaram por algum nível de avaliação do projeto. Estudos científicos rigorosos que serão publicados em meios de comunicação científicos estão em andamento. Algumas RCOs contratam avaliadores para projetos específicos. Há evidências científicas consideráveis para a eficácia dos tipos de serviços de suporte de recovery com base em pares que as RCOs estão oferecendo. Estes tipos de apoio incluem sensibilização e engajamento, auxílio de suporte durante o tratamento primário, relação assertiva para as comunidades recovery, acompanhamento e apoio pós-tratamento, e (quando necessário) no início de uma reintervenção. Há um crescente corpo de evidências científicas que sugerem que o monitoramento pós-tratamento (exames recovery e abordagens assertivas para cuidados continuados), bem como o apoio de  pares pode elevar os resultados da recuperação para adultos e adolescentes, além de serviços prestados por telefone.



P. Como as RCOs oferecem o serviço do apoio de pares para recovery (P-BRSS)?



R. Recovery através de apoio de pares (P-BRSS) está sendo realizado a partir de diferentes contextos organizacionais (por exemplo, organizações de tratamento, RCOs, ministérios de recoveryo baseados na fé.) Estas organizações estão oferecendo uma gama variada de serviços prestados por pessoas que são pagas, por voluntários ou voluntários cujas despesas são pagas pela organização patrocinadora. Acreditamos que o crescente número de RCOs que desenvolvem recovery através do apoio de pares será um fator cada vez mais importante no panorama do tratamento da dependência e recovery na América.